Revisitando Variações Enigma sob o prisma da semiótica francesa: da tematização do primeiro amor à subversão do sagrado
DOI:
https://doi.org/10.21680/1517-7874.2024v26n2ID36413Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar alguns resultados de uma pesquisa que investigou discursos sobre sexualidade entre indivíduos same-sex-attraction (Sutton, 2015) na obra Variações Enigma, de André Aciman (2018). Para tanto, a pesquisa baseia-se no quadro teórico-metodológico proposto pela semiótica discursiva de linha francesa, ou semiótica greimasiana (Greimas, 1973; Greimas e Courtés, 1994; Bertrand, 2003), e seus desdobramentos no Brasil (Barros, 2002, 2008; Fiorin, 2008, 2009), circunvizinhados por alguns conceitos desenvolvidos no quadro da Análise materialista do discurso (Pêcheux, 1995, 2008) e pelas questões sobre sexualidade desenvolvidas por Foucault (2007) e por Freud (1996). Metodologicamente, este estudo, ao considerar a obra de Aciman como um discurso, uma vez que o discurso é uma das unidades de análise da teoria semiótica greimasiana, mapeou os procedimentos de disseminação dos temas e das figuras na obra e seus respectivos percursos temáticos e figurativos relativos a questões de sexualidade no período da infância do narrador, de forma a verificar como esses componentes da semântica discursiva, nível por excelência da manifestação da ideologia, reproduzem no texto os imaginários sociais. Além disso, por meio da análise das categorias de pessoa, tempo e espaço, analisaram-se os mecanismos e as estratégias de construção de efeitos de sentido propostos pelo autor em relação às projeções da enunciação. Os resultados, em um primeiro momento, indicaram que a concretização das relações de desejo e sexualidade se perfaz entre atores discursivos recipientes de um investimento figurativo parecidos entre si, isto é, ama-se aquele que é semelhante. Em um segundo momento, esses resultados permitiram avançar nossa interpretação da obra de Aciman, revelando como o percurso temático do primeiro amor teve como alicerce um percurso de subversão do sagrado, representado principalmente pela figura da capela normanda. Dessa análise semiótica, entendemos que a sexualidade encontrou sua concretude temático-figurativa na intersecção entre a busca por um objeto amoroso semelhante e a subversão simbólica do sagrado.
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