A saudação de gaúchos para o neonazismo: o projeto de dominação da organização União Nacional Sulista

Resumen

Em 2021, observou-se, pelo Telegram, o funcionamento de uma organização gaúcha neonazista chamada União Nacional Sulista (UNS – doravante), fundada em 2019. Notou-se, com respaldo de sua atividade discursiva, haver um projeto de dominação e separação para a região sul-brasileira. Por conseguinte, neste artigo, objetiva-se analisar a constituição do gênero discursivo fotomontagem presente na comunicação da UNS com o intuito de compreender a relação entre forma, conteúdo e campo de atividade. A justificativa desta empreitada evoca os valores da ética bakhtiniana, pois representam uma rejeição da supremacista racial, visto que centrados no conceito de alteridade. O referencial teórico recebe contribuições de Bakhtin (2015, 2016, 2017) e Volóchinov (2018, 2019a, 2019b, 2019c) no que tange à concepção de linguagem, enunciado e discurso. Devido à complexidade do objeto, acrescentam-se reflexões de Charaudeau (2006, 2016) e Lévy (2010, 2011), porque, em interlocução, podem subsidiar apontamentos sobre o discurso político-populista no campo das mídias digitais. O planejamento dos procedimentos metodológicos pauta-se nestes atos: i) caracterização e seleção da organização; ii) observação e registro de interações discursivas; iii) esboço de questões de pesquisa; iv) análise dialógica do material coletado; v) escrita dos resultados finais. Os critérios para a coleta dos enunciados são os temas abordados, o impacto social e a cronologia de sua publicação. A conclusão permite alcançar o entendimento de que o gênero fotomontagem combina, graficamente, enunciados verbovisuais que, tematicamente, correlacionam elementos socioculturais do Rio Grande do Sul, Estados Unidos da América e Alemanha. Com diferentes tradições racistas, visa-se à exclusão, ao assujeitamento e à eliminação de todos aqueles vistos como inferiores, incluindo judeus, negros, LGBTQIAP+, nordestinos e outros grupos. Para esse propósito, a UNS tenta, também, recrutar novos integrantes para instaurar seu projeto de separação e dominação territorial.