Os efeitos da aquisição tardia da língua de sinais no desenvolvimento de crianças surdas: o que revelam as pesquisas

Resumo

A exposição à Língua de Sinais (LS) nos primeiros anos de vida das crianças surdas filhas de pais surdos é considerada ideal. Adquirem, naturalmente, essa língua, que lhes possibilita a estruturação do pensamento e a interação com seus pares. Entretanto, para crianças surdas filhas de pais ouvintes, esse processo, certamente, percorrerá caminhos diversos e mais longos, tendo como principal obstáculo o contato tardio com a Libras (Língua Brasileira de Sinais). Nesse sentido, o objetivo deste artigo foi realizar um levantamento bibliográfico de estudos que discutem os efeitos da aquisição tardia da Língua de Sinais no desenvolvimento de crianças surdas filhas de pais ouvintes. Para atingirmos esse objetivo, optamos por uma pesquisa qualitativa, de tipo bibliográfica. Consideramos artigos disponíveis nas bases eletrônicas SciELO, Capes e Google Acadêmico, publicados entre 2017 e 2022. Utilizamos como base teórica, autores como Cruz (2018), Quadros (2019), Cheng et al. (2019), Twomey et al. (2020) e Stumpf et al. (2020). Esta revisão da literatura evidenciou que sinalizantes tardios mostram que o processamento de construções de classificadores são resilientes aos efeitos prejudiciais da aquisição tardia quando se trata da língua de sinais. Além disso, os pesquisadores identificaram baixa emergência de referências espaciais; processamento sintático mais lento em comparação com nativos sinalizantes; menor eficiência em processamento gramatical e ausência de prática de balbucio em Libras. Os estudos também pontuaram atrasos na decodificação e reconhecimento de sinais, bem como possíveis atrasos no desenvolvimento e compreensão das emoções. Há indícios consistentes de que a exposição tardia a uma língua de sinais poderá provocar atrasos na proficiência em leitura de uma segunda língua (L2), além de afetar a capacidade de aprender idiomas adicionais posteriormente. Esses achados apontam que a aquisição da língua de sinais em crianças surdas desde a tenra idade é crucial para
seu desenvolvimento linguístico, cognitivo e socioemocional.