A língua afiada de Aurélia à luz de Bakhtin: que carnaval é esse?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1517-7874.2023v25n1ID31941

Resumo

O presente artigo analisa, a partir da cosmovisão bakhtiniana de carnavalização, a obra Aurélia – a dicionária da língua afiada (2013), uma vez que essa produção inverte ideais de uma obra oficial em um instrumento permeado por uma linguagem oriunda da cultura popular. Esse material metalinguístico é apontado como um dicionário que apresenta 1.300 verbetes típicos das práticas de linguagem de membros da comunidade LGBTQIAP+, obviamente com ressalvas, haja vista sua produção não advir do rigor da lexicografia tradicional, mas o que não deixa de representar uma visão de mundo de sujeitos de linguagem, os quais integram a referida comunidade. Dito isso, este artigo corresponde a uma análise interpretativista de viés dialógico-discursivo, considerando uma leitura dos elementos linguísticos e não-linguísticos que permeiam o material: verbetes, notas introdutórias, capas, figuras etc., caracterizando-se, assim, como uma pesquisa de natureza qualitativa de caráter documental. Nessa direção, lançamos mão das discussões do Círculo de Bakhtin, especialmente as ideias sobre carnavalização, com vistas à espetacularização da referida obra, a comicidade dos signos linguísticos e a “quebra” da seriedade do gênero verbete. Tais aspectos confirmam a irreverência de Aurélia e sua identidade itinerante no seio de uma sociedade que preconiza a cultura da norma gramatical e da ortografia oficial para fins de padronização (socio)linguística.

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Biografia do Autor

André Luiz Souza-Silva, Universidade Federal da Paraíba

Doutorando e Mestre em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) com especialização em Língua, Linguística e Literatura pelo Centro Universitário de Patos (UNIFIP) e em Ensino de Línguas e Literaturas pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Também tem graduação em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa pela UEPB e é integrante do Grupo de Pesquisa em Contato Linguístico (UFPB/CNPq). Tem interesse na área da Teoria e Análise Linguística, com ênfase na Diversidade Linguística, Tabus Linguísticos e Ensino de Línguas, atuando com base na Sociolinguística e suas Interfaces.

Thainá da Costa Lima, Universidade Federal da Paraíba

Doutoranda em Linguística no Programa de Pós-Graduação em Linguística (PROLING - UFPB). Mestra em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística (PROLING - UFPB), com ênfase em Linguística e Práticas Sociais. Graduada em Letras Língua Portuguesa pela Universidade Federal da Paraíba. Atuante no grupo de pesquisa Observatório do Discurso (CNPQ).

Pedro Farias Francelino, Universidade Federal da Paraíba

Doutor em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Mestre em Língua Portuguesa pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Pós-doutorado em Linguística pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). É Professor Associado do Departamento de Língua Portuguesa e Linguística da UFPB e docente do Programa de Pós-graduação em Linguística da mesma instituição. Foi vice-coordenador do GT Anpoll Estudos Bakhtinianos (biênio 2014-2016) e Coordenador desse grupo no biênio 2016-2018. É líder do Grupo de Pesquisa em Linguagem, Enunciação e Interação (CNPq/UFPB). Atua nas áreas de Língua Portuguesa e Linguística, desenvolvendo pesquisas em teorias do discurso, especificamente a perspectiva dialógica dos estudos da linguagem.

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Publicado

26-09-2023

Como Citar

SOUZA-SILVA, A. L. .; LIMA, T. da C.; FRANCELINO, P. F. A língua afiada de Aurélia à luz de Bakhtin: que carnaval é esse?. Revista do GELNE, [S. l.], v. 25, n. 1, p. e31941, 2023. DOI: 10.21680/1517-7874.2023v25n1ID31941. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/31941. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê temático: Linguagens do cômico e práticas discursivas do humor