Linguagem Simples e competência crítica informação no setor público

abrindo caminho para uma consciência crítica em informação

Resumo

Desamparo, frustração, impotência, raiva. Quando cidadãos e cidadãs recorrem à administração pública, mas deixam de obter informações, acessar direitos ou cumprir deveres por não conseguirem decifrar a linguagem burocrática, cresce o abismo entre Estado e sociedade civil. Apesar dos crescentes esforços de governos para agilizar a prestação de serviços à população no ambiente digital, ainda são muitos os obstáculos rumo a um pleno exercício da cidadania. No Brasil, um país com percentuais ainda expressivos de analfabetismo, é tarefa urgente facilitar o entendimento das informações públicas, mesmo às pessoas com baixo letramento. Nos últimos anos, agentes públicos brasileiros lideram um movimento pela adoção da chamada Linguagem Simples (do inglês plain language) nos serviços prestados à sociedade. Este artigo, de abordagem qualitativa e natureza exploratória, propõe um diálogo teórico entre uma abordagem crítica da Linguagem Simples, como técnica e causa social, e a prática da competência crítica em informação, sob as lentes da Ciência da Informação. O percurso teórico-metodológico compreende pesquisa bibliográfica e documental para contextualização do problema e estabelecimento de pontos de articulação entre os dois conceitos. Como resultado, identificamos que os caminhos da Linguagem Simples e da competência crítica em informação convergem rumo à práxis transformadora e em busca de justiça social, abrindo caminho para o desenvolvimento de uma consciência crítica em informação. Por fim, argumentamos que, criticamente conscientes, servidores e servidoras poderiam identificar as barreiras impostas à cidadania pelo chamado burocratês, e, quem sabe, superá-las para ampliar o acesso da população às informações e aos serviços públicos.