Colhendo os cacos dos corações no olho do furacão
Mães enlutadas sobrevivendo a pandemia e vivendo o Black Lives Matter
DOI:
https://doi.org/10.21680/1982-1662.2023v6n37ID31804Palavras-chave:
Maternagem, Pandemia, Black Lives Matter, Parnamirim-RNResumo
O Rio Grande do Norte nos últimos anos esteve entre os estados brasileiros com a maior taxa de homicídios contra jovens, sendo as pessoas assassinadas majoritariamente homens, negros e pobres. Partindo desse problema social e considerando que são as mulheres as principais responsáveis pelos cuidados desses sujeitos, buscando cotidianamente formas de salvaguardá-los do risco de morte, na minha pesquisa de mestrado procurei compreender quais as percepções de segurança pública e as estratégias de manutenção da vida de jovens negros que “mães” que já tinham perdido um “filho” adotam para que outros tutelados com o mesmo perfil não morram. Para realizar a dissertação, foi feita uma etnografia da relação de maternagem de seis mulheres que moram em uma região da cidade de Parnamirim-RN com problemas de violência urbana desde o final da década de 90. Um dos movimentos que fiz para atingir esse objetivo foi compreender como as mães lidam com tal configuração social, recebendo especial destaque as recentes transformações do mundo devido à pandemia de coronavírus e à luta internacional pela vida das pessoas negras. Neste trabalho me proponho a aprofundar as reflexões sobre como essas mulheres estavam reconstruindo o mundo delas e de suas famílias em meio ao luto da perda de um filho e os dois eventos de grande impacto internacional acima citados.
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