PROPOSIÇÕES DE CURRÍCULO EM REDE: VALORIZAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS LIMIARES E DOS SABERES COMO RIZOMA
DOI:
https://doi.org/10.21680/1982-1662.2017v1n21ID13513Palavras-chave:
Currículo em rede. Experiências limiares. Lógica disciplinar. Cotidiano e rizoma. Formação.Resumo
A presente proposta parte dos pressupostos multirreferencial e interdisciplinar, e tenta compreender e propor um tipo de currículo em rede, composto por movimentos e táticas que não se deixam enquadrar na lógica disciplinar, mas que não possui a pretensão de desabilitá-la completamente. Portanto, o intuito é propor um currículo que consiga trabalhar com as lógicas limiares, que deixa sempre margens à criação de fóruns e debates, nos quais ocorrem processos dialógicos mais intensos. É um currículo com forte teor expressivo e performático. Ele pode ser pensado/praticado como tática, pois se dá através do contato mais próximo e depende das lógicas que se desenrolam no mundo cotidiano. É um currículo que não se deixa adaptar pelas lógicas institucionais e disciplinares e tem preferência pelas transgressões, pelas lógicas plurais, e pelos processos de heterogênese. Sendo assim, o currículo em rede se assenta bem com a lógica do rizoma. As rupturas não são temidas. Elas fazem parte do processo de criação e são percebidas como movimentos que ajudam a produzir saberes e a constituir a diversidade presente no mundo. Um dispositivo curricular que incentiva e baseia-se na intensificação da expressão, logo, um currículo que privilegia a performance e tenta propiciar o livre trânsito da expressão. Assim, então, podemos ponderar que, ao invés da lógica dominante no campo do currículo, que reconhece e trabalha com a produção de objetos, podemos contrapô-la ao que podemos chamar postura ecológica radical, uma operação lógica que privilegie não a emergência de objetos, mas que compreenda o mundo como composto de coisas e relações que formam ambientes e ajudam a compor mundos possíveis. Ou seja, pensar em um tipo de saber e em um currículo sob o crivo desse princípio já é pensá-lo como rede ou como erva daninha, porque ele não desenha nenhuma cartografia estável, que se dê de forma nítida aos olhos do que é institucionalmente posto como o “normal”, como o padrão a ser seguido. Aqui, teríamos um tipo de saber e de currículo que, além de não estarem comprometidos com a constituição de domínios ou territórios, também, ou por causa disso, não estariam enredados nas tramas dicotômicas entre os supostos sujeito e objeto. Assim, veríamos se formar novos arranjos, novos ensaios, novas cartografias, nos quais a espacialidade e as temporalidades não seriam mais remetidas, nem compreendidas na pura dependência do raio antropocêntrico. Então, teríamos a formação de agenciamentos e ambientes. Portanto, teríamos disposições de saberes curriculares que, na possibilidade de aumento da potência das conexões e das multiplicidades, criariam/mobilizariam agenciamentos que não se deixam enquadrar no limitado raio do já instituído ou do existencialmente dado. Enfim, por tudo isso, podemos dizer que certamente os saberes e os currículos podem se fazer rizoma, mas isso não consiste em nenhum estado permanente, mas, pelo contrário, consiste em uma constante busca e experimentação, em que a transformação e a mudança são permanentemente solicitadas.