A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO TRANS NAS VOZES SOCIAIS QUE PERMEIAM A QUESTÃO DO CORPO NOS FILMES “A GAROTA DINAMARQUESA” E “A PELE QUE HÁBITO”
DOI:
https://doi.org/10.21680/1984-3879.2025v25n2ID40958Palavras-chave:
Sujeito Trans; Vozes Sociais;, Corpo Bakthin, trans subject; social voices, body; Bakhtin.Resumo
O presente trabalho propõe uma análise crítica da construção do sujeito trans a partir das representações sociais do corpo nos filmes “A Garota Dinamarquesa” (2015), de Tom Hooper, e “A Pele que Habito” (2011), de Pedro Almodóvar, articulando as noções de performatividade, biopolítica e resistência. A análise cinematográfica evidencia como as narrativas constroem e contestam discursos normativos sobre o corpo e a identidade de gênero, expondo tensões entre o desejo individual e as vozes sociais que regulam a experiência trans. Enquanto “A Garota Dinamarquesa” aborda de forma sensível a trajetória de Lili Elbe, primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de redesignação sexual registrada, “A Pele que Habito” apresenta uma narrativa mais distópica, que questiona os limites éticos e científicos da modificação corporal. Em ambos os casos, observa-se como a materialidade do corpo trans é mediada por discursos médicos, jurídicos e afetivos, revelando as disputas simbólicas em torno da legitimação da identidade trans na sociedade contemporânea. Assim, o estudo reafirma a importância de problematizar as representações culturais do corpo trans como instrumento de visibilidade, crítica e transformação social.
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