ECOLOGIA DOS SABERES

A INTERDISCIPLINARIDADE PARA PENSAR A EDUCAÇÃO E SEUS DIÁLOGOS

Autores

  • Juliana Janaina Tavares Nóbrega UFABC - doutoranda

DOI:

https://doi.org/10.21680/1984-3879.2023v23n3ID32405

Palavras-chave:

ecologia dos saberes; interdisciplinaridade, educação

Resumo

Desde a modernidade, quando falamos em ciência, estamos nos referindo a um conhecimento pretensamente verdadeiro, objetivo e de método universal, que lhe é garantido cada vez mais pela separação dos saberes para especialistas. No entanto, o método científico, a divisão disciplinar do conhecimento e suas categorias que garantem validade de uma teoria, partem de um contexto, de uma perspectiva e, como tudo que é produto humano, não pode ser neutro e universal, tampouco, apolítico. A proposta de uma ecologia dos saberes nos remete a essa realidade plural do conhecimento e a necessidade de valorização de saberes que partem de várias perspectivas e lugares de fala. A escola, como espaço privilegiado de produção e “reprodução” de conhecimentos, deve ser pensada e vivida neste espaço amplo, social, científico e político dos saberes. Negar os diferentes elementos que compõem a educação escolar e restringi-la a uma única perspectiva, é também negar sua realidade. Assim, este ensaio busca refletir acerca deste diálogo de um saber pós-abissal na pesquisa e na educação num contexto de neoliberalismo. Como fundamento bibliográfico, autores como Boaventura de Sousa Santos (2007); Terry Shinn (2008), Ivani Fazenda (1994), Olga Pombo (2006), mas também Silvio Gallo (2019), Bernard Charlot (1983) e Libâneo (1984). Mais do que nunca, pensar a instituição escolar, espaço de construção de conhecimento, mas também de cidadania, como foco de pesquisa e compreensão das relações e ideologias nela presentes é algo fundamental para a manutenção não de um regime político democrático, mas de uma sociedade democrática.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALVES, Alexandre de Brito. O pós-colonialismo: por uma nova epistemologia das ciências sociais no Sul. Bilros, Fortaleza, v. 5, n. 8, p. 50-64, jan.- abr. 2017.

ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Filosofia da Educação. 2ª edição. São Paulo: Moderna, 2006.

CHARLOT, Bernard. A mistificação Pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação. 2ª ed. Rio de janeiro: ZAhat, 1983.

CHAUI, Marilena. Cultura e democracia. Crítica y Emancipación, (1): 53-76, junio 2008.

FAZENDA, Ivani C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 4. ed. Campinas: Papirus, 1994.

GALLO, Sílvio. Subjetividade, Ideologia e Educação. 2ª edição. Campinas: Editora Alínea, 2019.

GUTIÉRREZ, Francisco. Educação como práxis política. Tradução de Antonio Negrino. São Paulo: Summus, 1988.

KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 2. ed. Tradução Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva. 1987.

LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico–social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1984.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1991.

POMBO, Olga. Práticas Interdisciplinares. In: Sociologias, Porto Alegre, ano 8, nº 15, jan/jun 2006, p. 208-249.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista crítica de ciências sociais, 2007, 78: 3-46.

SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 11ª ed. São Paulo: Cortez, 1996.

__________________. Escola e Democracia. 12ª edição. Campinas: Autores Associados, 1986. (Coleção polêmicas do nosso tempo).

__________________. Pedagogia Histórico Crítica, primeiras aproximações. Campinas: Autores Associados, 1995. (Coleção polêmicas do nosso tempo).

SHINN, Terry. Regimes de produção e difusão de ciência: rumo a uma organização transversal do conhecimento. In: scientiæ Studia, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 11-42, 2008.

SILVEIRA, R. J. T. Hegemonia e educação: contribuição para a crítica do movimento Escola Sem Partido, a partir de Antonio Gramsci. Crítica Educativa (Sorocaba/SP), v. 4, n. 2, p. 124-141, jul./dez.2018.

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da Práxis. Tradução de Luiz Fernando Cardoso. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.

Downloads

Publicado

28-11-2023

Como Citar

TAVARES NÓBREGA, J. J. ECOLOGIA DOS SABERES: A INTERDISCIPLINARIDADE PARA PENSAR A EDUCAÇÃO E SEUS DIÁLOGOS. Saberes: Revista interdisciplinar de Filosofia e Educação, [S. l.], v. 23, n. 3, p. EN01, 2023. DOI: 10.21680/1984-3879.2023v23n3ID32405. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/saberes/article/view/32405. Acesso em: 21 nov. 2024.