Brincar e Transgredir
Perspectivas comunitárias sobre o lazer na região turística da Costa do Sol (RJ, Brasil)
DOI:
https://doi.org/10.21680/2357-8211.2025v13n2ID38079Palavras-chave:
Lazer, Povos e Comunidades Tradicionais, Decolonialidade, Região Turística da Costa do SolResumo
Este artigo parte de um profundo desconforto com a literatura dominante no campo de estudos do lazer, vinculada a uma perspectiva de mundo moderno-ocidentalizada homogeneizante, como resultado de um processo histórico de colonização epistêmica que vem deslegitimando outras possibilidades experienciais nos territórios dos povos do Sul Global. A pesquisa propõe uma discussão crítica sobre o lazer ancorada em um debate descolonial, à luz das questões complexas que atravessam esse campo de estudos na América Latina. Para isso, buscou-se tensionar algumas afirmações entendidas como universalizantes que estabelecem uma relação binária e dicotômica entre tempo de trabalho e de lazer, concedendo a este último uma importância apenas secundária na escala de prioridades de uma sociedade produtivista. Tendo esse debate como ponto de partida, o objetivo da pesquisa foi mapear perspectivas comunitárias sobre o lazer, a partir de pistas apreendidas na vivência com populações caiçaras e quilombolas na Região Turística da Costa do Sol, no estado do Rio de Janeiro. Para tal, o percurso metodológico se apoiou em levantamento bibliográfico, além da imersão no campo de estudo entre 2020 e 2023, para acompanhamento de eventos comunitários. Nesses contextos, a prática do lazer está associada a uma dinâmica de espaço-tempo peculiar que convida à reinvenção, ao reencantamento e à reafirmação da vida mesmo quando as práticas coletivas estão cotidianamente ameaçadas pelas tendências capitalistas/neoliberais, concretizadas sobretudo pela especulação imobiliária e o turismo de massa.
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