A ESCOLA DO MANICÔMIO
UMA ANÁLISE SOBRE EDUCAÇÃO, EXPERIÊNCIAS INTERDITADAS E EPISTEMOLOGIAS EMANCIPATÓRIAS EM ESPAÇO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE
DOI:
https://doi.org/10.21680/1984-3879.2025v25n01ID38113Palavras-chave:
Escola do Manicômio, Educação Contextualizada , Eman, metodologiaResumo
O artigo apresenta a noção de “Escola do Manicômio”, desenvolvida a partir da experiência docente no espaço concreto de uma única sala de aula para o ensino relativo aos anos iniciais numa turma descentralizada do Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos Julieta Villamil Balestro, que é o formato de oferta da educação escolarizada nas prisões do estado do Rio Grande do Sul. Localizada em espaço de privação de liberdade para pessoas com transtornos mentais, antigamente chamado de Manicômio Judiciário, denominado atualmente de Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), na cidade de Porto Alegre. A análise aqui empreendida busca demonstrar a partir de um estudo de caso as possibilidades emancipatórias em um espaço educativo voltado para pessoas com transtornos mentais. Para tal, a apreciação enfoca as relações entre educação e epistemologias emancipatórias, sobretudo advindas do pensamento de mulheres negras que refletiram e refletem sobre educação e marcadores sociais da diferença. Adota-se como fio condutor a análise de experiências interditadas observadas na atuação docente. A proposta apresenta introdução, com ênfase a descrição do objeto de estudo, e desdobra-se em duas partes sequentes de discussão que aliam historicidade e educação por meio da experiência docente em espaço de privação de liberdade para pessoas com transtornos mentais, e finaliza com considerações finais.
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